quinta-feira, 17 de julho de 2008

Os desastres do sub-consciente

Um dia, quando festejava na minha rua o St. António, peguei numa acha incandescente da fogueira e atirei-a ao ar. Foi parar em cima de uma caixa de electricidade. Fiquei a observar a lenta combustão e nesse preciso momento ocorreu um apagão geral em Lisboa. Eu fugi para casa e até hoje sempre pensei ter sido o culpado. Também nunca mais me hei-de esquecer do dia em que lancei a ponta da trela ao peluche branquinho da avó de uma namorada. Fiquei assim a observar o canídeo a brincar com a trela. Sentia-me embevecido embora meio sinistro. Nisto o fofinho fez questão de puxar a trela e como era velhinho e já não tinha gengivas de betão, os dentinhos da frente dobraram e ficaram tipo toldo a fazer sombrinha. Certo dia, nas sessões de psicanálise em grupo a que costumo assistir, um dos pacientes vomitou-se todo quando ia começar a falar. Os restantes quatro participantes e a própria psicanalista esboçaram vómitos e saíram numa atitude de repulsa. Eu fiquei tranquilamente sentado na minha cadeira. O diagnóstico feito pela Drª Noélia foi-me apresentado logo nesse dia. Fui informado que tenho tendência para desencadear o que se chama de "Mecanismo de Controlo Remoto Sub-consciente de Estímulo a Incidentes." Enfim, o meu inconsciente provoca desastres conscientemente. Incluindo os do coração. O dos Outros e o Meu.

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